Vacinados ou viciados?

Está na minha essência arriscar a fazer diferente, mesmo sabendo que nem sempre corre bem. Mas até hoje o balanço é extremamente positivo e permite-me viver com este “zest for life”, este fascínio pela vida e estar Viva.

O sorriso desta foto foi captado numa viagem absolutamente diferente e bastante arriscada nas Bijagós, que nunca esquecerei para o resto da minha vida por toda a beleza e experiências vividas.

E por isso vou arriscar a enviar-vos algo diferente para uma reflexão muito individual, não sendo uma mensagem clara e direta, algo mais poético e menos prosa, porque cada vez mais sinto que precisamos de arte para sentir e ver a realidade.

E começo com estas palavras da autora que ganhou o Prémio Nobel de Literatura em 2020, Louise Glück:

“Apaixonares-te, dizia a minha irmã, é como seres fulminada por um raio.
Acontecia uma vez. Ser fulminada era como ser vacinada, ficavas imune para o resto da vida, ficavas ao abrigo de tudo.
A menos que o choque não fosse suficientemente profundo.
Então não ficavas vacinada, mas viciada.

Alguns finais era trágicos, logo aceitáveis. Tudo mais era um fracasso.
Engano. Mentiras. Embelezamentos a que chamamos hipóteses”

Algumas reflexões sobre o momento actual:

  • o choque foi suficientemente forte e estamos “vacinados”?
  • não tomamos ainda consciência dos choques e estamos apenas viciados?
  • queremos ver a Verdade e Realidade da vida e do mundo, ou o engano do embelezamento a que chamamos hipóteses são suficientes?

Ou vamos seguir a sugestão de Fernando Pessoa?

“Apagar tudo do quadro de um dia para o outro, ser novo em cada nova madrugada, numa revirgindade perpétua de emoção – isto, e só isto, vale a pena ser ou ter, para ser ou ter o que imperfeitamente somos.

Com Amor,
Idalina Fernandes