O poder das palavras

Um dos aspetos que mais reforço nas aulas de certificação de Human Design é a importância da utilização das palavras “certas”, com consciência do impacto que têm em cada um de nós, quem as diz e quem as recebe.

Ler, e aqui estão de novo as palavras e na forma escrita, alimenta-me de uma forma saudável e prazerosa e permite-me viajar de muita formas sem sair do lugar. Estou a ler “Comboio Noturno para Lisboa”, onde a personagem principal e narrador é um professor universitário de línguas que fala sobre a arte da escrita e de quem a pratica e fez-me refletir sobre a importância, não só das palavras que dizemos ou escrevemos, mas também de que lugar é que elas surgem.

“As palavras são como magia, conseguem pôr alguém em movimento ou parar, chorar ou rir”, diz ele.

Confesso que não gosto de ver erros ortográficos e de gramática, mas o que realmente me toca é não haver muitas vezes consciência da importância do que é dito, ou a utilização da palavra não alinhada com a verdade de quem as diz, por indiferença ou manipulação.

Numa passagem do livro, em que ele fala de outro colega também professor, diz:

“Amava o Grego (língua). Mas amava-o de uma maneira errada…era uma forma de vaidade…não celebrava as palavras, mas apenas o seu próprio virtuosismo na forma como era capaz de desenhar as palavras com uma incrível caligrafia.”

Nada é bom, nada é mau, a dualidade existe, e cada um de nós tem de ir aprendendo a viver neste pêndulo e com ele aprender. O tempo atual é de aprender a discernir com base na individualidade, e ver/ouvir o “errado” por vezes leva-nos a tornar mais claro e coeso o “certo” para cada um de nós.

Estudei marketing na faculdade, e enquanto me ensinavam a “vender” um produto através de uma necessidade ou emoção, eu pensava no impacto que tal teria nas pessoas. Claro que só compra quem quer, diziam, mas será que é mesmo assim? Olhemos para as palavras no início de uma relação romântica. Quem de nós não se iludiu, ou talvez não, mas gostou de ouvir aquelas doces palavras de amor e promessas? Não será o mesmo quando nos tentam convencer com a emoção que vamos sentir ou a imagem que vamos passar com aquele produto ou experiência?

Hoje enviaram-me um vídeo em que uma criança de uns 5 ou 6 anos ensinava outras crianças formas de comunicar com os pais de forma a conseguirem o que queriam, e apesar de divertido, não deixa de ser um excelente exemplo do que aqui refiro e que é cada vez mais usado.

O que é mais impactante? Palavras agressivas que magoam e marcam, ou palavras doces e manipuladores que iludem?

O que sinto, e experiencio, é que antes de sabermos escolher as palavras, devemos ter consciência de quem realmente somos e da frequência do que estamos aqui para ser e comunicar.

No texto anterior desejei-vos um bom verão, e agora desejo que este outono seja de preparação, introspeção, porque muito está a mudar, no mundo e na humanidade, e de todos nós depende o sentido desta evolução.

Se vibrarmos em energia de autenticidade, amor, bondade genuína, podemos contribuir para os difíceis momentos atuais, mesmo que não possamos terminar com a fome no mundo ou combater as guerras dos outros.

Com amor,
Idalina Fernandes